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Será que a comunicação exerce influcência na taxa de depoimentos especiais frustrados?

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Judiciário cearense passa a usar linguagem simples em intimações relacionadas a crimes contra crianças e adolescentes

Os mandados que informam sobre intimações, especialmente os endereçados aos representantes de crianças e adolescentes vítimas de crimes sexuais, ganharam uma linguagem simplificada. A iniciativa, fruto de parceria entre o Laboratório de Inovação (LabLuz) do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) e a 12ª Vara Criminal de Fortaleza, visa amenizar o impacto que eventuais ruídos de comunicação podem ter na taxa de insucesso das audiências.

“Acreditamos que a medida fortalece os laços entre o Poder Judiciário e a sociedade, uma vez que a linguagem técnica e complexa é substituída por uma comunicação acessível e inclusiva, em que se permite transmitir segurança e conhecimento acerca do depoimento especial”, explica a juíza titular da 12ª Vara Criminal Giselli Lima de Sousa Tavares.

“Às vezes, a informação está lá, mas a pessoa não entende bem porque está em ‘juridiquês’ e deixa de ir para a audiência por diversas razões. Simplificando o mandado estamos conduzindo um experimento para identificar se a linguagem é um desses motivos”, detalha Welkey Costa, coordenador do LabLuz.

Com o estudo, será possível medir se a simplificação da linguagem reduz a taxa de não comparecimento às audiências. “Além de permitir um êxito nos atos, a iniciativa possibilita uma comunicação de maneira clara, direta e, sobretudo, humanizada”, defende a magistrada.

DEPOIMENTO ESPECIAL
A parceria com a 12ª Vara Criminal também objetiva disseminar informações sobre o depoimento especial, reforçando a atuação dos entrevistadores forenses, a existência de salas de acolhimento e da equipe multidisciplinar. Essa estrutura possibilita um melhor acolhimento para as vítimas, reduzindo qualquer eventual desconforto e corroborando para que as demandas sejam julgadas com maior celeridade.

O depoimento especial é o procedimento de escuta de crianças ou adolescentes que tenham sido vítimas ou testemunhas de violência. O Protocolo Brasileiro de Entrevista Forense (PBEF), estabelecido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), amplia a proteção de tal público por meio de um procedimento humanizado, em salas reservadas, com um entrevistador forense treinado para essa uma escuta especializada.

 SIMPLIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS
A unidade judiciária que deseja realizar experimentos na área da simplificação de linguagem deve entrar em contato com o LabLuz. O laboratório fica com a responsabilidade de repensar os termos que estão sendo empregados, a ordem de escrita e a fluidez do texto, por exemplo. Após a reestruturação, é feita uma reformulação visual. O produto é submetido novamente à unidade judiciária para a aprovação e, a partir disso, o novo modelo de comunicação passa a ser utilizado.

A ação está de acordo com o Pacto Nacional do Judiciário pela Linguagem Simples, lançado pelo CNJ em dezembro do ano passado. A finalidade é estimular a criação de ações, iniciativas e projetos para que a comunicação seja direta e de fácil compreensão em todos os segmentos da Justiça e em todos os graus de jurisdição.
 
 https://www.tjce.jus.br/noticias/linguagem-simples-comeca-a-ser-usada-para-intimacoes-relacionadas-a-crimes-contra-criancas-e-adolescentes/
 
 
 

Lições Aprendidas

  1. Linguagem clara como ferramenta de proteção
    Substituir o "juridiquês" por termos acessíveis em mandados reduziu a taxa de ausências em audiências, mostrando que comunicação direta fortalece a eficácia processual e protege vítimas de revitimização.

  2. Parcerias interinstitucionais para inovação
    A colaboração entre o LabLuz e a 12ª Vara Criminal evidenciou que laboratórios de inovação + unidades judiciárias são combinações poderosas para transformar práticas tradicionais em soluções centradas no cidadão.

  3. Alinhamento com políticas nacionais
    A adesão ao Pacto Nacional do Judiciário pela Linguagem Simples (CNJ) garantiu legitimidade e padronização ao projeto, reforçando que inovações locais devem dialogar com diretrizes macro do sistema de Justiça.

  4. Humanização como estratégia processual
    Integrar salas de acolhimento, entrevistadores forenses e equipes multidisciplinares ao depoimento especial demonstrou que ambientes seguros e linguagem empática são tão críticos quanto a celeridade processual.

  5. Design de documentos como aliado da compreensão
    A reformulação visual dos mandados (além da simplificação textual) comprovou que hierarquia de informações e elementos gráficos melhoram a assimilação de conteúdo, especialmente para públicos não jurídicos.

  6. Mensuração para validação
    O foco em medir a redução do absenteísmo após a mudança linguística destacou que inovações no Judiciário precisam de indicadores concretos para ganhar adesão institucional.

 
 
 
 

Tags: LINGUAGEM - SIMPLES 192 Comunicação 107 VISUAL LAW 23
  • E-mail do laboratório: labluz@tjce.jus.br