A Unidade Avançada de Inovação em Laboratório (UAILab) do Tribunal de Justiça de Minas Gerais promoveu, no dia 28/06/2023 um debate online (UAILive) sobre o tema “Nudges: vai um empurrãozinho aí?”. O evento foi transmitido pelo canal do YouTube da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef). O público-alvo foram magistrados, magistradas, servidores, servidoras, estagiários, estagiárias, colaboradores terceirizados e colaboradoras terceirizadas do TJMG e público externo.
A UAILive abordou o que incentiva você a realizar uma escolha, tomar uma decisão ou influencia seu comportamento, também conhecido como “nudges” (empurrãozinho, em inglês). Essa teoria vem ganhando espaço nas rodas de conversa e está associada ao conceito de “arquitetura de escolhas”.
Os mediadores da atividade foram o juiz auxiliar da Presidência do TJMG e coordenador da UAILab, Rodrigo Martins Faria, e a gerente do Centro de Desenvolvimento e Acompanhamento de Projetos (Ceproj) do TJMG, responsável pelo UAILab, Priscila Pereira de Souza. O palestrante foi o juiz Salomão Akhnaton Zoroastro Spencer Elesbon, do 3º Juizado Especial Cível da Comarca de Colatina (ES) e membro da 2ª Turma Recursal do Espírito Santo.
Segundo o juiz Rodrigo Martins Faria, a live tratou da utilização da neurociência e de como o subconsciente controla e molda o nosso comportamento. "O nudge, que significa 'empurrãozinho', em tradução livre do inglês, vem dessa ideia de neurociência aplicada às políticas públicas no Poder Judiciário e em qualquer campo em que você lida com pessoas e o comportamento delas é relevante”, disse.
Ele acrescentou que “os nudges trabalham com a ideia de criar ambientes e aproveitar-se de recursos que se utilizam do comportamento cerebral para conduzir as pessoas de alguma forma. Um bom exemplo é estimular as pessoas a jogar lixo na lixeira. Os nudges podem ajudar a aumentar os cuidados com a saúde, fazer caridade com os necessitados etc”.
Padrões e estímulos
Na palestra, o juiz Salomão Elesbon apresentou informações sobre como os nudges podem ser usados para orientar as pessoas a seguirem determinados comportamentos positivos, como a busca por conciliações, por exemplo. “São pequenos estímulos, incentivos mesmo que podem atuar sobre a capacidade decisória das pessoas e alterar os comportamentos. Só que é importante ressaltar que faz isso sem utilizar a coerção, sem uso de força. É uma orientação de forma sutil que sempre preserva a liberdade de escolha do indivíduo. É como se você tentasse guiar a pessoa para um determinado objetivo, sem tirar sua capacidade de decidir entre as opções disponíveis apresentadas”, afirmou o magistrado.
Ele trouxe ainda diversos exemplos e possíveis aplicações dos "empurrões". “Eles são intensamente utilizados no âmbito privado, mas podem ser muito bem usados na área das políticas públicas. Já utilizamos nos Cejuscs e nas comunicações internas e tem um ótimo resultado nos objetivos conciliatórios”.
Um dos exemplos sobre a utilização de nudges é o uso do GPS para traçar um percurso de carro. O equipamento orienta o comportamento do motorista para traçar determinado caminho, mas ele tem liberdade de escolher segui-lo ou não. Avisos em embalagens de cigarro também são exemplos de nudges, assim como e-mails para lembrar de prazos para inscrições ou promoções para compra de ingressos.
“A aversão à perda é um estímulo muito forte e se você disser a uma pessoa que algo irá acabar e se esgotar em poucas horas, ela corre para adquirir aquele item, mesmo que não fosse uma necessidade premente. Mas a pessoa não quer perder a oportunidade”, afirmou o palestrante.
Após a exposição do juiz Salomão Elesbon, foi aberto espaço para os participantes fazerem perguntas e tirarem suas dúvidas sobre o tema.
Segundo o coordenador da UAILab, juiz Rodrigo Martins Faria, o tema é bastante amplo e merece muito estudo. “Essa área da neurociência é um campo em que estamos iniciando um projeto no Laboratório de Inovação do TJMG e tem sido uma tendência em todo o mundo. É o trabalho com a arquitetura das escolhas, que visa moldar ambientes para implementar melhor as políticas públicas. As empresas adoram essa linha de ação para melhorar o seu negócio. No caso do Poder Judiciário, a ideia é poder conhecer, explorar, estudar essa abordagem para implementar os nudges na área Judiciária”, ressaltou.
A live contou também com a participação da servidora do TJMG, Stefânia Ferraz, da 1ª Câmara Criminal, e do músico Wibner Canuto, que apresentaram alguns sucessos da Música Popular Brasileira na abertura e no encerramento da atividade.
Assista à live na íntegra.
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