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Vestir para Vencer

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A – DADOS GERAIS

Título da iniciativa: Vestir para Vencer

Complexidade do desafio a ser solucionado:

A iniciativa “Vestir para Vencer” foi concebida para enfrentar um desafio complexo:

  1. Desafio Socioambiental: O descarte inadequado de vestuário e o consumismo excessivo geram um significativo impacto ambiental. Ao mesmo tempo, existe uma demanda social latente por parte de grupos em situação de vulnerabilidade, como refugiados, que necessitam não apenas de itens básicos, mas de ferramentas que lhes confiram dignidade e aumentem suas chances de reinserção no mercado de trabalho.
  2. Assimetria de Informação e Vulnerabilidade Jurídica: Grupos em situação de vulnerabilidade, como refugiados, desconhecem a legislação trabalhista. Essa falta de informação os torna presas fáceis para a informalidade, o trabalho análogo à escravidão e outras violações de direitos.
  3. Barreiras de Capital Social e Cultural: A busca por um emprego envolve a compreensão de códigos sociais e de apresentação pessoal específicos do mercado local. A falta de conhecimento sobre como se portar e se apresentar em uma entrevista de emprego representa um obstáculo invisível, mas extremamente excludente, que perpetua o ciclo de desemprego.
  4. Desafio Institucional: Como o Poder Judiciário, em especial a Justiça do Trabalho, pode ir além de sua atuação jurisdicional para promover ativamente a cidadania, a inclusão social e a sustentabilidade, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030?

Atores envolvidos na análise e elaboração foram o Comitê de Sustentabilidade e o Laboratório de Inovação (Liods) do TRT-11, que identificaram a oportunidade de conectar a necessidade da comunidade de refugiados (mapeada através da parceria com o Instituto Hermanitos) com a política de sustentabilidade do Tribunal. A decisão foi embasada na premissa de que a doação de roupas poderia ser um ponto de partida para uma ação de cidadania mais ampla e transformadora.

 

Descrição da iniciativa:

“Vestir para Vencer” é uma campanha de reuso sustentável que integra justiça social, ambiental e trabalhista. Seu funcionamento ocorre em três fases:

  1.  Módulo de Direitos e Cidadania: Uma palestra interativa e um “tira-dúvidas” conduzido por uma magistrada do Trabalho, onde os participantes são esclarecidos sobre seus direitos e deveres, como contrato de trabalho, jornada e salário, permitindo que compartilhem suas experiências e desafios.
  2.  Módulo de Imagem Profissional: Um workshop prático sobre imagem pessoal, focado em orientações sobre como se vestir e se portar em entrevistas de emprego, fortalecendo a autoconfiança e a adequação ao ambiente profissional.
  3.  Módulo de Consciência Global e Sustentabilidade: Uma apresentação sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, conectando o reuso das roupas à pauta ambiental e ao consumo consciente, agregando uma camada de formação cidadã mais ampla. Essa etapa se estrutura da seguinte maneira:

3.1 Arrecadação: São instalados pontos de coleta nas dependências do TRT11 para receber doações de roupas e calçados em bom estado de magistrados, servidores e do público externo. A campanha é guiada pelos princípios dos 4Rs (Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Repensar).

3.2 Triagem e Destinação: As peças são organizadas e direcionadas a uma instituição parceira que atende a um público específico que está em situação de vulnerabilidade.

3.3 Ação de Cidadania: A entrega das doações é transformada em um evento de acolhimento e capacitação.

 

Principal aspecto inovativo da iniciativa:

A principal inovação é a criação de uma solução integrada para viabilizar a empregabilidade, que converte um ato de doações roupas em uma poderosa ferramenta de empoderamento jurídico, social e pessoal. A inovação está em conectar a pauta ambiental (reuso sustentável) com a missão precípua da Justiça do Trabalho (promoção de direitos e empregabilidade). O projeto inova ao ir além do assistencialismo e oferecer um “pacote de dignidade” que combina:

  • Capital Material: A roupa adequada para a entrevista de emprego.
  • Capital Jurídico: O conhecimento prático sobre seus direitos trabalhistas, mitigando riscos de exploração.
  • Capital Social: As habilidades de apresentação pessoal para competir a vaga de emprego em igualdade de condições.

 

Ao agregar serviços de capacitação e orientação jurídica ao evento de entrega, a iniciativa cria um valor muito superior à simples doação material, gerando impacto direto na vida dos beneficiários e fortalecendo o papel social do Judiciário.

 

Processo de inovação utilizado:

O processo de inovação por trás da iniciativa "Vestir para Vencer" foi deliberado, estratégico e centrado no ser humano, afastando-se do modelo de campanhas tradicionais para operar como um verdadeiro laboratório social vivo. A metodologia pode ser decomposta em cinco etapas distintas, inspiradas nos princípios do Design Thinking e da Inovação Aberta, que garantiram que a solução final fosse não apenas criativa, mas profundamente relevante e impactante para seus usuários.

Etapa 1: Imersão e Empatia – O Diagnóstico da Dor Real
O ponto de partida não foi uma ideia, mas um problema. Através da parceria estratégica com o Instituto Hermanitos, a equipe do TRT-11 realizou uma imersão no universo dos refugiados atendidos pela instituição. Esta etapa de empatia foi crucial e revelou que o desafio era muito mais profundo do que a falta de roupas. O diagnóstico mostrou um complexo emaranhado de "dores": o medo paralisante de uma entrevista de emprego em um novo país; o desconhecimento absoluto sobre direitos trabalhistas básicos, gerando vulnerabilidade à exploração; e uma autoestima fragilizada pelas dificuldades do processo migratório. Ficou claro que uma abordagem puramente assistencialista, focada apenas na doação, seria superficial e ineficaz para promover a verdadeira inclusão produtiva. Este aprofundamento foi o alicerce de todo o processo, garantindo que a solução fosse desenhada para resolver o problema certo.

Etapa 2: Definição e Reenquadramento do Desafio – Do Assistencialismo ao Empoderamento
Com os insights da fase de imersão, a equipe realizou um reenquadramento estratégico do desafio. A pergunta-chave deixou de ser "Como podemos arrecadar mais roupas?" para se tornar "Como podemos transformar o ato de doar uma roupa em um catalisador para a geração de autonomia, dignidade e empregabilidade real?". Essa mudança de perspectiva foi o principal salto inovador do processo. A equipe definiu que o sucesso da iniciativa não seria medido pelo volume de peças arrecadadas, mas pelo grau de empoderamento gerado nos participantes. O desafio foi formalmente definido como a criação de uma intervenção de baixo custo e alto impacto que equipasse os beneficiários com um "kit de dignidade" para o mercado de trabalho.

Etapa 3: Ideação e Cocriação – A Construção da Solução Integrada
Nesta fase, a inovação aberta floresceu. Uma sessão de ideação reuniu mentes do Comitê de Sustentabilidade, do Laboratório de Inovação (Liods) e especialistas da Coordenadoria de Cerimonial. A solução do tripé de capacitação surgiu de forma orgânica, como resposta direta às dores mapeadas:

  • Para a vulnerabilidade jurídica, a solução foi trazer a figura da autoridade máxima em direitos trabalhistas – a magistrada – para um diálogo franco e acessível, quebrando a barreira formal do Judiciário.
  • Para a barreira de capital social, a expertise interna em cerimonial e imagem foi mobilizada para criar um workshop prático e acolhedor sobre apresentação pessoal.
  • Para conectar a ação à pauta institucional, a palestra sobre ODS e sustentabilidade foi incluída, agregando uma camada de cidadania global.
    A cocriação foi essencial: não se tratava de três palestras isoladas, mas de um fluxo de aprendizado contínuo e integrado, projetado para construir confiança e conhecimento passo a passo.

 

Etapa 4: Prototipagem – A Execução do "Mínimo Produto Viável" (MVP)
O evento de entrega no Instituto Hermanitos foi estrategicamente concebido como um "Mínimo Produto Viável" (MVP), ou, mais precisamente, uma "Mínima Intervenção Viável". O objetivo não era realizar um evento perfeito, mas sim testar a hipótese central: a combinação sinérgica de doação material com capacitação jurídica e social geraria um valor percebido exponencialmente maior do que as partes isoladas. O protótipo permitiu testar, em ambiente real e com recursos limitados, a logística, a receptividade do público e a eficácia da abordagem integrada, gerando aprendizados valiosos para futuras edições.

Etapa 5: Teste e Validação – O Ciclo de Feedback em Tempo Real
A fase de teste ocorreu durante a execução do protótipo e foi o momento de maior validação do processo. A roda de conversa com a magistrada transformou-se em um poderoso mecanismo de feedback qualitativo em tempo real. As perguntas detalhadas sobre contratos, horas extras e direitos básicos, somadas aos relatos emocionantes sobre os desafios enfrentados, não foram apenas momentos de catarse; foram a validação inequívoca de que a iniciativa estava tocando na dor real e entregando o valor proposto. A gratidão expressa pela refugiada Norma Jaqueline Mendes e a participação ativa dos demais não foram meros resultados, mas dados concretos que comprovaram a eficácia do modelo.

O processo de inovação da “Vestir para Vencer” foi um ciclo completo que partiu da escuta ativa, reenquadrou um problema complexo, cocriou uma solução holística e a validou diretamente com seus usuários. Este método demonstra um modelo de inovação social frugal, que utiliza recursos internos e parcerias estratégicas para criar soluções de alto impacto, provando que a maior inovação no serviço público muitas vezes reside em um novo processo e em uma nova forma de se conectar com as necessidades do cidadão.

 

Parcerias e participação de usuários:

A iniciativa é um exemplo de colaboração multifacetada:

  • Parceria Interna: Atuação conjunta do Comitê de Sustentabilidade, do Laboratório de Inovação (Liods) e da Presidência do TRT11.
  • Parceria Externa: A parceria com o Instituto Hermanitos foi fundamental para garantir que a ação chegasse aos usuários finais de forma eficaz e respeitosa, aproveitando a expertise da ONG no trabalho com refugiados.
  • Participação de Usuários: Os usuários finais (refugiados) participaram ativamente do evento, não como meros receptores, mas como protagonistas de uma roda de conversa, onde puderam tirar dúvidas sobre direitos trabalhistas diretamente com uma magistrada, validando a relevância da ação.

Qual o potencial de replicabilidade nacional da iniciativa?

O potencial de replicabilidade é altíssimo. O modelo é de baixo custo e alta adaptabilidade, podendo ser implementado por qualquer tribunal do país. A estrutura básica (parceria com uma ONG local + arrecadação de itens + evento de entrega com palestras de capacitação) pode ser replicada e ajustada às realidades e vulnerabilidades de cada região, seja com foco em refugiados, egressos do sistema prisional, jovens em busca do primeiro emprego, entre outros públicos.

 

Documentação relacionada ao Projeto:

- Link do vídeo institucional: https://drive.google.com/file/d/1nBOExvyZ8pzZ-X9TV5GP258nWL-S_qIA/view?usp=sharing
Coleta Contribuições Magistrados e Servidores



 

 

B – SUBCATEGORIA “INOVAÇÕES COM RESULTADOS COMPROVADOS”

Data de implementação da iniciativa:
A campanha foi implementada no primeiro semestre de 2024, com o evento de entrega e capacitação ocorrendo em 20 de junho de 2024.

 

Quais são os resultados quantitativos e qualitativos da iniciativa?

Resultados Quantitativos:

  • Arrecadação de 570 itens (roupas e calçados).
  • Benefício direto a cerca de 30 pessoas em situação de vulnerabilidade.
  • Realização de 3 ações de capacitação em um único evento (palestra sobre direitos, apresentação sobre ODS e workshop de imagem pessoal).

Resultados Qualitativos:

  • Empoderamento e Dignidade: A iniciativa proporcionou aos beneficiários não apenas roupas, mas também conhecimento e autoconfiança para enfrentar entrevistas de emprego, conforme o relato da refugiada Norma Jaqueline Mendes.
  • Acesso à Justiça e Cidadania: A palestra sobre direitos trabalhistas promoveu o acesso à informação qualificada, prevenindo violações e esclarecendo dúvidas de um público vulnerável.
  • Fortalecimento da Imagem Institucional: O projeto posicionou o TRT-11 como um ator engajado com as pautas de sustentabilidade e inclusão social, gerando impacto positivo na comunidade.
  • Promoção da Cultura da Sustentabilidade: A campanha incentivou a reflexão sobre o consumo consciente e o reuso entre servidores, magistrados e o público externo.
  • Consolidação de Parcerias: Fortaleceu a relação entre o Judiciário e o terceiro setor, criando um modelo de cooperação eficaz.

Notícias:

https://portal.trt11.jus.br/index.php/comunicacao/10414-trt-11-entrega-doacoes-da-campanha-vestir-para-vencer-a-refugiados-no-instituto-hermanitos?highlight=WyJ2ZXN0aXIiLCIndmVzdGlyIiwicGFyYSIsInZlbmNlciIsInZlbmNlciciLCJ2ZXN0aXIgcGFyYSIsInZlc3RpciBwYXJhIHZlbmNlciIsInBhcmEgdmVuY2VyIl0=

https://portal.trt11.jus.br/index.php/comunicacao/10407-vestir-para-vencer-trt-11-e-instituto-hermanitos-promovem-acao-no-dia-do-refugiado-nesta-sexta-20-6?highlight=WyJ2ZXN0aXIiLCIndmVzdGlyIiwicGFyYSIsInZlbmNlciIsInZlbmNlciciLCJ2ZXN0aXIgcGFyYSIsInZlc3RpciBwYXJhIHZlbmNlciIsInBhcmEgdmVuY2VyIl0=

E-mail: laboratorio.inovacao@trt11.jus.br 

Tags: Inclusão 27 sustentabilidade 29
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