Tia Vera Contra a Desinformação nas Eleições

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Tia Vera contra a Desinformação nas Eleições

Laboratório Parceiro: Gnova Lab - Escola Nacional de Administração Pública - ENAP

Relatório de Projeto Completo

Apresentação

A(s) eleitoras(es) estão suscetíveis à desinformação eleitoral, sobretudo porque as campanhas eleitorais vêm substituindo as mídias tradicionais e seus mecanismos de compliance e accountability pelo uso massivo de mídias digitais ainda sem regulamentação adequada. Podemos identificar como núcleos desse problema a emergência de uma contracultura de pós-verdade e o déficit de educação midiática. Muitos são os efeitos indesejados, a exemplo do aumento exponencial de judicialização, dos custos de auditoria e dos esforços de esclarecimento. Não obstante a reconhecida eficiência da Justiça Eleitoral brasileira, a desinformação generalizada gera desconfiança do processo e da instituição eleitoral, deslegitimação da soberania popular e persistência da crise de governabilidade.

Buscando colaborar com as diversas iniciativas já em curso na Justiça Eleitoral, conduzidas pelo TSE e pelos TRE´s, e com a experiência vivenciada nas Eleições 2022, o i9-SE - Laboratório de Criatividade e Inovação do TRE-SE, pensando em colaborar para um ambiente mais bem informado nas Eleições municipais de 2024, propôs o seguinte problema inicial.

Como aumentar a confiança dos eleitores sujeitos ao fenômeno da desinformação no processo eleitoral?

O projeto está sendo desenvolvido em parceria com o GNova Lab - Laboratório de Inovação em Governo da ENAP, que se propõe a desenvolver soluções inovadoras em projetos com instituições do governo federal para que o serviço público possa responder com mais eficiência às demandas dos (as) cidadãos (ãs).

Segundo o site do o GNova Lab, “As parcerias que desenvolve com órgãos da Administração Pública Federal são moduladas de acordo com o desafio a ser enfrentado. Geralmente, esses projetos são desenvolvidos em ciclos que envolvem: imersão nos problemas, ideação, prototipagem e teste de soluções. Ao longo desses ciclos, o laboratório utiliza metodologias ágeis e abordagens multidisciplinares inspiradas no design, nas ciências sociais e na economia comportamental. Todos os projetos geram capacidade inovadora nas equipes dos órgãos parceiros, que participam e aprendem fazendo ao longo do processo”.

Com a aplicação da metodologia (especialmente a realização de pesquisa etnográfica, mediante entrevistas presenciais ou online, com 25 pessoas da capital e do interior de Sergipe, sendo 15 eleitores, três magistrados e uma assessora, quatro representantes de partidos, três professores e alunos de mestrado ou doutorado e um jornalista de TV), o problema/desafio foi refinado para:

Como podemos demonstrar o impacto negativo das notícias falsas para que os eleitores reduzam a sua circulação?

 Na fase de ideação, o time de inovação decidiu desenvolver o seguinte protótipo de solução:

Uma campanha em rádio para que o eleitor possa conhecer os efeitos negativos das notícias falsas e não disseminar desinformação.

O teste do protótipo foi feito com a colaboração de 34 participantes, que responderam a um questionário para aferir sua expectativa, ouviram três spots de rádio (roteirizados e gravados pelo time de inovação) e, após, responderam a dois questionários para aferir suas reações e eventuais sugestões.

Os roteiros foram elaborados em formato de diálogos, em linguagem simples, com uma personagem batizada de Tia Vera. Utilizando um veículo de comunicação de grande cobertura, pretende-se atingir, preferencialmente, um público a partir dos 45 anos de idade, que compreende as pessoas mais suscetíveis à desinformação, o que demonstra o caráter inovador da iniciativa.

Após a aplicação do protótipo com cerca de 32 eleitores, os resultados mensurados foram os apresentados abaixo:

Considerando validado o protótipo, o time de inovação passou para a etapa de construção do piloto do projeto.

Piloto - Campanha Tia Vera Contra a Desinformação nas Eleições

Nesta etapa a equipe realizou a roteirização e gravação de uma série de spots, com auxílio da Assessoria de Comunicação e o uso de recursos técnicos adequados, para serem veiculados nas emissoras de rádio de Sergipe.

Os spots de rádio de Tia Vera estão disponíveis na página da campanha.

A veiculação nas emissoras de rádio ocorreu entre agosto e outubro de 2024, abrangendo o todo o período eleitoral até o segundo turno na capital.

A fim de medir os impactos da campanha no comportamento do público-alvo, foi realizada uma pesquisa de campo, em parceria com o Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Sergipe. Foram entrevistas 602 pessoas nas cidades de Aquidabã, Itabaiana e Aracaju.

Os resultados premilinares da pesquisa de campo mostraram que os objetivos da campanha foram atingidos.

Fundamentação

1. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - Agenda 2030

Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.

16.3 Promover o Estado de Direito, em nível nacional e internacional, e garantir a igualdade de acesso à justiça para todos.

16.6 Desenvolver instituições eficazes, responsáveis e transparentes em todos os níveis.

16.7 Garantir a tomada de decisão responsiva, inclusiva, participativa e representativa em todos os níveis

16.10 Assegurar o acesso público à informação e proteger as liberdades fundamentais, em conformidade com a legislação nacional e os acordos internacionais.

2. Princípios da Política de Gestão da Inovação (Resolução nº 395/CNJ) 

- Cultura da Inovação
- Foco no Usuário
- Participação
- Colaboração
- Desenvolvimento Humano
- Acessibilidade   

Metodologia

O projeto foi desenvolvido utilizando-se a metodologia Design Thinking, com suporte das Ciências Comportamentais aplicadas a Políticas Públicas, onde se buscou identificar mecanismos que pudessem ser ativados para incentivar comportamentos desejados ou, inversamente, desestimular aqueles considerados indesejados.

Foram entrevistadas(os) magistradas(os), eleitoras(es), especialistas da academia e jornalistas. A solução idealizada tem como objetivo demonstrar, em linguagem simples, os impactos negativos das notícias falsas nas pessoas, buscando ativar os mecanismos comportamentais ensejadores de mudança de atitude, a exemplo da motivação intrínseca, expectativas sociais e imagem pública.

Frise-se que se buscou alternativas aos métodos usualmente empregados em ações de enfrentamento da desinformação, os quais têm sido concentrados na checagem ativa das notícias (debunking) e cooperação das plataformas digitais, ao que chegamos a mecanismos de filtros preventivos (prebunking) com ativação emocional.

Na etapa de validação do protótipo, foram aplicadas pesquisas quantitativas e qualitativas com eleitoras e eleitores, as quais corroboraram o impacto desejado nas pessoas, demonstrado pela intenção declarada em adotar ou reforçar os comportamentos positivos em relação às notícias falsas, concomitante a uma indução à reflexão sobre seus efeitos nocivos.

Cronograma

Benefícios à Sociedade

- Incremento da percepção dos malefícios da desinformação nas eleições, refletido por uma maior suscetibilidade do público de interesse ao fenômeno da desinformação;
- Esclarecimento e simplificação de informações relacionadas ao processo eleitoral;
- Fomento à circulação de conteúdos verídicos e estímulo à verificação por meio da divulgação de notícias checadas, recomendações e conteúdos educativos;
- Priorização de parcela do eleitorado pouco alcançado pelas campanhas de desinformação já realizadas.

• E-mail do laboratório: i9se@tre-se.jus.br